“Falar sobre Teatro de Bonecos é falar sobre minha vida. Desde que me entendo por gente já me vejo agarrada a Bonecas, dando vida a sabugos de milho e contando histórias de caixinhas de papelão...
Na adolescência não foi diferente. Ao buscar um curso de teatro, fui parar em uma escola onde o diretor era um Bonequeiro, apaixonado pela Arte que eu estava prestes a (re)descobrir.
A partir daí o destino amarrou minhas mãos e saí pelo mundo afora emaranhada na poesia dos bonecos, trecos e objetos que encontrava em meu caminho.
Viajei muito, conheci diversas culturas e fui aprendendo e me apaixonando cada vez mais por essa arte milenar que a tudo transforma: o pano vira pássaro, as mãos são flores...
E o mais mágico: a transformação de quem vê. Já viu adulto vendo Teatro de Bonecos? Perde a vergonha, vira criança! Sempre adorei fazer intervenções em espaços alternativos, onde as pessoas não têm a mínima idéia do que vai acontecer. É maravilhoso ver os grandões deixando cair lentamente suas máscaras, a rir e se emocionar com aquele serzinho de madeira saltitante, com um doce pedacinho de espuma.
No entanto, uma vez pensei em largar tudo! Guardei a Mala debaixo da cama e resolvi seguir outros rumos. Mas, felizmente, a mala pulava tanto, eram tantas “vozinhas” me chamando, que não tive outro jeito: tirei a danada debaixo da cama e definitivamente abri-a para o mundo!
Teatro de Bonecos é um vício, minha gente! Já viu bonequeiro em mesa de Bar?
Distraidamente pega um canudinho aqui, um guardanapo acolá. Torce, mexe e quando menos esperamos, surge do nada uma figurinha engraçada: corpo de papel, perna de canudinho e alegria na alma.
É... não teve mesmo jeito. Hoje minha mala tem mais histórias pra contar. Depois de 15 anos manipulando Bonecos, tenho um bonequinho de 1 ano de idade, o João (que me manipula que é uma beleza!). Agora, é só esperar que ele cresça bem devagarinho e que noite chuvosa dessas, a luz se acabe, para podermos brincar juntos, de sombras na parede.” (